A população
mundial vai atingir a marca de 7 bilhões de pessoas na próxima segunda-feira
(31), de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), que usou estimativas
de demografia e selecionou a data de forma simbólica para debater o tema e
discutir ideias de crescimento e sustentabilidade.
O número será
alcançado apenas 12 anos depois de um bebê nascido em Sarajevo ter sido nomeado
pela ONU como o 6º bilionésima pessoa a nascer, e 24 anos depois de o 5º
bilionésimo ter nascido na Bósnia.
Segundo o Departamento do Censo dos Estados Unidos,
entretanto, o dado das Nações Unidas é precoce, e a população mundial é de
"apenas" 6,97 bilhões no final de outubro. A marca de 7 bilhões,
segundo o dado dos demógrafos americanos, chegaria apenas em abril do próximo
ano.
A variação entre os números de diferentes fontes é
algo normal, segundo pesquisadores de demografia. O número de 7 bilhões
"não é um valor exato", diz José Alberto Magno de Carvalho, que já
foi Presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais e da
International Union for Scientific Study of the Population (a associação
internacional mais importante em demografia).
Em entrevista ao G1, ele explicou que a
definição de uma data para marcar a chegada aos 7 bilhões de pessoas serve para
reforçar a discussão sobre o tema. "Podemos já ter passado deste número,
ou nem ter chegado ainda a essa quantidade. Trata-se de uma estimativa, pois há
países em que os dados são melhores, mais confiáveis, e outros lugares que têm
números sem uma base sólida", disse.
Ele ressaltou, entretanto, que a maior parte dos
dados usados na estimativa da ONU tem relevância e a data escolhida como marco
está bem próxima da realidade da população mundial. “A China, que tem a maior
população, tem um levantamento populacional bem razoável atualmente. O problema
é que mesmo nos países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, o censo
nunca tem cobertura perfeita. Nem mesmo no Brasil, onde a contagem é muito
séria, pode-se falar em cobertura total”, disse.
Segundo o pesquisador americano John Bongaarts,
vice-presidente do Population Council, organização que realiza estudos sobre a
população mundial, a variação do número real de pessoas no mundo pode chegar à
ordem de 100 milhões de pessoas para mais ou para menos em relação à estimativa
da ONU, o que não afetaria totalmente a discussão a respeito do crescimento
populacional.
Velocidade de
crescimento
O crescimento
da população mundial nas últimas décadas foi rápido, impulsionado especialmente
por uma maior expectativa de vida - a média atual é de 68 anos, quando era de
apenas 48 anos em 1950. A velocidade de aumento populacional começa a diminuir
de ritmo, entretanto, graças a taxas de natalidade cada vez menores. Depois de
a população crescer até 2% ao ano na década de 1960, a taxa de aumento do
número de pessoas no mundo está se estabilizando em metade disso.
Segundo a previsão mais atual da ONU, vão ser
necessários 14 anos para que surja mais um bilhão de pessoas no mundo, e a
população mundial só deve chegar a dez bilhões de pessoas no fim do século. A
mudança na tendência não só vai fazer com que o ritmo de crescimento seja mais
lento, mas como vai gerar um envelhecimento da população, criando sociedades
com mais pessoas idosas do que jovens. Isso vai fazer com que a população
"envelheça". Segundo o relatório da ONU, em 2011 há no mundo 893
milhões de pessoas com mais de 60 anos, mas no meio do século este número
passará de 2,4 bilhões.
Mundo
heterogêneo
Apesar de ser
apresentada como um único bloco, a população mundial vive momentos muito
heterogêneos em relação a seu tamanho e sua taxa de crescimento. Cerca de 60%
da população mundial vive na Ásia. Somente na China e na Índia, juntas, há mais
de 2,5 bilhões de pessoas. A África tem 15% das pessoas do mundo atual, enquanto
um quarto da população vive no resto do mundo (Américas, Oceania e Europa). No
Brasil, a população não chega a 200 milhões.
O quadro futuro vai mudar bastante, entretanto.
Enquanto a população da Europa tem uma taxa de fecundidade de apenas 1,53 -
estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até o fim de seu
período reprodutivo, o que indica envelhecimento e diminuição da população - na
África a taxa de fertilidade chega a 4,64. Na América Latina a taxa é de 2,3,
Na América do Norte e na Ásia de 2,03 e na Oceania de 2,49.
Enquanto no Reino Unido, o número de pessoas com
mais de 85 anos dobrou entre 1985 e 2010, o percentual de pessoas com menos de
16 anos caiu de 21% para 19% no mesmo período. No sul da África, por outro
lado, a previsão é de que a população triplique em 40 anos. Segundo dados
divulgados pela rede britânica BBC, enquanto a fertilidade global caiu de cinco
para 2,5 crianças desde 1950, as mulheres de Zâmbia têm seis filhos, em média.
Segundo a ONU, um quinto da população mundial vive
em países com alta fertilidade. É ali que a população mais cresce, e que pode
chegar a 2 bilhões de pessoas em 2050
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