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Chechênia: A história do conflito


Oriente Próximo, um caldeirão etnolingüístico.

Em 1859, após décadas de guerra, os chechênios foram finalmente conquistados pelo exército do czar russo. Desde o início da ocupação, os chechênios jamais aceitaram o domínio russo.

Durante a década de 1930, os chechênios foram forçados a obedecer aos soviéticos, tendo suas práticas religiosas (de maioria Islâmica) controladas e sendo obrigados a trabalhar nos campos. Em 1934, os chechênios e os inguches foram unificados sob a Rússia Soviética e, em 1936, foram elevados ao status de república autônoma. Em fevereiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, o líder soviético da época Joseph Stalin acusou os chechênios e os inguches de colaborar com os nazistas. A república unificada foi abolida, e Stalin os deportou para o Cazaquistão. Os chechênios somente voltaram para seu território em 1953, após a morte do líder soviético.

A república chechênia-inguche foi restaurada em janeiro de 1957, e até 1991, permaneceu dentre uma das 21 repúblicas que constituíam a União Soviética. Essas repúblicas eram as unidades administrativas com maior autonomia dentro da Federação Soviética.

Em 1991, com a desintegração da União Soviética, a Chechênia separou-se da Inguchétia e formou a República de Ichkeria; os inguches formaram sua própria república. O governo russo e outras nações se recusaram a aceitar a independência da região. A Chechênia não conseguiu convencer estrangeiros a investir em sua economia.

Em dezembro de 1994, as tropas russas invadiram a Chechênia para esmagar o movimento de independência da república. As forças russas tomaram controle de diversas áreas em 1995, enquanto guerrilheiros separatistas controlaram grande parte da montanhosa região sul e realizaram atos terroristas em outras regiões da Rússia.

Em maio de 1996, o presidente russo Boris Yeltsin, e o presidente chechênio Zelimkhan Yandarbiyev concordaram com um cessar-fogo; porém a luta continuou em ambos os lados. O governo russo ofereceu aos chechênios autonomia quase total dentro da Federação Russa, mas se recusou a permitir que a república se tornasse completamente independente. Enquanto alguns chechênios estavam dispostos a apoiar um acordo de paz para encerrar a guerra, os rebeldes continuaram a lutar, alegando que não fariam acordo por nada menos que a completa independência.

A primeira guerra entre russos e chechênios terminou em agosto de 1996 com a Rússia tendo perdido a guerra. Houve um acordo para adiar a decisão sobre o status oficial da Chechênia até 2001. Os russos retiraram-se, admitindo derrota, seguido por um cessar-fogo que deixou a Chechênia com sua autonomia. A guerra havia resultado em mais de 40.000 mortes e deixado centenas de milhares de pessoas desabrigadas.

Em maio de 1997 foi assinado um tratado de paz para oficializar os termos do acordo anterior. Ambos os lados prometeram não utilizar força militar e a Rússia prometeu apoio econômico à Chechênia, já que a região havia sido destruída pela guerra. Porém, a paz não durou muito e em agosto de 1999, a luta recomeçou quando militantes islâmicos (rebeldes chechênios) invadiram a república russa vizinha de Dagestan, ocupando diversas vilas, perpetrando atentados à bomba a apartamentos em várias cidades russas e matando cerca de 300 pessoas. Os líderes russos creditaram a autoria aos rebeldes Chechênios. Em resposta, as tropas russas bombardearam e invadiram a Chechênia, capturando a capital Grozny, e forçando a retirada dos rebeldes para as montanhas, onde continuaram a planejar ataques de guerrilha contra as tropas russas. Os atentados terroristas à Moscou e outras cidades russas foram retomados. Os insurgentes e defensores chechênios levaram a batalha para além da Rússia, causando incidentes como seqüestros de aviões em países como a Turquia.

A guerra reduziu Grozny a ruínas e deixou milhares de mortos em ambos os lados. Cerca de 3.800 soldados russos haviam morrido e 14.000 haviam sido feridos. Os números dos rebeldes são ainda maiores. Ambos os lados cometeram atrocidades. De acordo com as Nações Unidas, atualmente mais de 150.000 chechênios estão refugiados, e há um número semelhante de desabrigados no país. A quantidade de civis mortos é desconhecida.

Em 24 de outubro de 2002, um teatro em Moscou tornou-se o novo palco para o terrorismo na Rússia. Cerca de 50 rebeldes chechênios, fortemente armados, tomaram o edifício enquanto um público de mais de 700 pessoas assistia a apresentação do musical russo “Nord-Ost” (Norte-Leste). Os separatistas chechênios libertaram inicialmente 150 pessoas: 20 crianças, todos os muçulmanos e um homem britânico de meia-idade com problemas de saúde. 50 rebeldes, dentre eles 10 mulheres, tinham bombas presas a seus corpos. Eles exigiram que a Rússia se retirasse da Chechênia, e afirmaram em uma mensagem televisionada que seu grupo, auto-intitulado “smertniki” (esquadrão suicida), estava disposto a morrer no teatro, levando consigo os “pecadores”. Além de russos havia também 75 reféns estrangeiros de 14 países diferentes, que os terroristas se recusavam a libertar, com o propósito de internacionalizar sua ação.

Diversos disparos foram registrados em partes diferentes do teatro. As Forças Especiais Russas cercaram o edifício, e insistiram em declarar que somente invadiriam o teatro se os rebeldes chechênios começassem a executar reféns. Esta mesma Força Especial foi incapaz de resolver o problema de 1995, quando 1.000 pessoas foram mantidas reféns no hospital. As negociações por uma solução pacífica continuaram, mas a situação era alarmante e as chances de um derramamento de sangue eram enormes.

Na manhã de sábado, no dia 26 de outubro, as forças russas entraram no teatro para libertar os reféns. A operação começou após dois reféns terem sido executados pelos rebeldes. O líder terrorista Barayev tinha prometido começar a matar as pessoas às 6 horas daquela manhã. Porém ele iniciou as execuções 40 minutos antes do prometido.

Um gás, produzido a partir de ópio, foi jogado no sistema de ventilação e por buracos do chão do auditório que haviam sido feitos pelos soldados. O gás causou com que os terroristas e as vítimas ficassem inconscientes. As Tropas Especiais Russas entraram no teatro, mataram os terroristas que ainda estavam acordados e também mataram aqueles que já estavam sob o efeito do gás. Todos os terroristas tinham bombas apegadas em seus corpos e mais bombas estavam espalhadas pelo chão. 115 reféns morreram por causa dos efeitos do gás e por volta de 200 foram tratados por intoxicação. 50 terroristas foram executados e não houve nenhuma vítima por parte dos soldados russos. Líderes políticos russos e internacionais cumprimentaram o Presidente Putin na sua coragem e capacidade de ter libertado os reféns.

O cerco ao hospital em 1995 havia estabelecido um precedente para a negociação russa com os terroristas. Porém Putin manteve sua posição inicial de não negociação. Até agora durante seu mandato, ele tem sido forte ao lidar com a revolta na Chechênia. Acredita-se que os rebeldes chechênios estejam ligados à al-Queda, e que durante a guerra no Afeganistão, alguns membros da organização refugiaram-se entre os rebeldes, muitos dos quais estão escondidos na Geórgia. Contudo, o fato é que os terroristas chechênios têm a intenção de prosseguir com os ataques, independente do apoio e financiamento da al-Queda.

A difusão do terrorismo é alarmante e não parece haver um lugar totalmente seguro, como observamos no ataque de 11 de setembro aos Estados Unidos, nos ataques do IRA contra a Inglaterra, nos ataques suicidas constantes em Israel, e agora na Rússia quando crianças foram tomadas como reféns.Controlar e prevenir o terrorismo é uma batalha difícil; os guerrilheiros não usam uniformes, têm como alvo os cidadãos e não temem a morte. Os líderes mundiais estão reunindo grandes esforços contra esta guerra invisível. No caso da Rússia, o mundo espera que os terroristas libertem todos os reféns.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou firmemente o seqüestro. A ONU exigiu a libertação imediata dos reféns em reunião emergencial convocada para tratar sobre a onda de ataques terroristas que afeta a Rússia nos últimos dias.

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